Até mais ver: O Blues do Deus Imanente

quarta-feira, julho 02, 2008

O Blues do Deus Imanente

Conta-se que certa vez um monge reuniu vários de seus alunos, pois precisava encontrar um substituto. Disse a eles:

— Como todos sabem, estou ficando velho e preciso encontrar o meu sucessor. Todos vocês que aqui estão reunidos me provaram sem sombra de dúvida serem capazes, mas o problema que eu vou lhes propor hoje me dirá quem entre vocês é o mais capaz.

— Estamos honrados mestre! — Responderam todos em unissono

Então o mestre foi até uma mesa e sobre está mesa colocou um vaso onde repousava um belo arranjo de flores.

— Eis o problema que eu lhes proponho.

E então se retirou para um canto.

Os monges estavam perplexos. Não tinha nada mais que o mestre deveria lhes informar? O que eles deixaram escapar naquele momento? Qual era o mistério? A Resposta seria o Yin e o Yang? Ficaram ali parados apenas contemplando. (Na certa estavam fingindo inteligência...)

— A Flor está murchando... — Disse o mestre

E essa agora! O problema se tornava mais e mais complexo a medida que o tempo se alongava. Nenhum dos que estavam ali se atrevia a questionar o que fosse, pois não queria parecer menos sábio que os seus rivais... Passariam a noite ali se preciso.

Então um dos monges que havia se atrasado veio e perguntou ao mestre o que estava acontecendo. O mestre lhe apontou apontou o vaso e lhe explicou que aquele era o problema que havia hora, pediu que seus irmãos resolvessem.

No mesmo minuto o monge caminhou até o vaso e o examinou de perto.

— Exatamente o que eu suspeitava! — Proferiu

— Ele já sabe a resposta!? — Perguntaram os monges surpresos. Mas o que seria?

— Essa porcelana é de ótima qualidade! — Disse sorrindo.

E antes que os seus irmãos pudessem esboçar qualquer reação, ele despedaçou tudo. Arranjo vaso e mesa com um único golpe de seu punho. O susto foi tanto que todos os monges caíram para trás.

Atônitos os monges ficaram ali apenas olhando e foi quando o mestre se aproximou e disse:

— Eis meu sucessor eleito!

— Mas por que? — perguntou um dos monges que estava inconformado, ainda no chão

— É impossível beber saquê em uma xícara cheia de chá. — respondeu o mestre — É preciso primeiro esvaziar a xícara para então por saquê. Para o problema simples uma solução simples. Eu apenas lhes apresentei um vaso e nada mais. Vocês que se deixaram ludibriar pela beleza do mesmo, não deram importância ao principal. Era um problema e precisava ser eliminado.

Autor Desconhecido

Acho que ouvi isso do Virgulino ou do Palilo. Talvez dos dois.

Até mais ver
mr. poneis

Ps.: Créditos da imagem: ~rurutia8 no Deviantart .Visitem!

Ps2.: Antes de terminar, uma pergunta a título de filosofia ocidental: Qual seria a reação dos monges se o mestre tivesse colocado uma criança no lugar de um vaso com flores?
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3 Verdades

Virgulino disse... [responder]

Que estranho, eu tinha certeza que tinha comentado esse post semana passada... Bom, vamos lá: Eu li essa história em um livrinho do Paulo Coelho, de uma série que foi vendida com a revista Caras e nos quais ele contava sobre viagens que ele fez, além dessas histórias. Devo ressaltar que os monges eram tibetanos, portanto o "ajaponesamento" da história foi por conta do mr.Poneis.

Até mais ver..
PS: Eu comprei um mangá! Lembre-me de mostrá-lo, mr.Poneis.

mr.Poneis disse... [responder]

Então, o termo correto seria "aponeisamento" já que está também difere da versão japonesa que conta com lanceiros e uma breve menção a Miyamoto Musashi.

Até mais ver
mr.poneis

Ps.: É, eu li lembre-me de devolvê-lo... E eu achava que era um cara forte...

mr.Poneis disse... [responder]

O texto em que me baseei:

O Guardião do Castelo

Tem muitos textos legais. E muito folclore exquisito diga-se de passagem.

Até mais ver
mr.poneis