Governado pelo rei Thorp III, o reino Armindra é um dos maiores reinos da região sul do continente Plates, tavernas para nenhum beberrão botar defeito, ferreiros especializados em diversas artes, pousadas confortáveis e o maior teatro do continente. Armindra possui também a Casa do Tesouro, lugar onde as economias do reino, as recompensas e relíquias conquistadas em nome de Plates ficam guardadas, por esse motivo a cidade está sempre cheia de aventureiros em busca de trabalhos para o rei e de alguns ladrões, infelizmente para eles a Casa do Tesouro é um dos lugares mais resguardados do mundo. O reino possui ao norte um deserto escaldante, a única cor vista nas paisagens do sul é o branco, ele é coberto por gelo e neve, ao leste temos o oceano e ao oeste a floresta de Tentro, por esse motivo, chegar a Armindra já é uma aventura, o único caminho seguro é a noroeste, onde a floresta encontra o deserto formando um jardim estreito, Thorp III vigia esse jardim implacavelmente e apenas pessoas autorizadas podem entrar no reino.
Se visitar algumas tavernas possivelmente encontrará Steve Maxpower, um guerreiro insano da pele escura com cabelos arrepiados e vermelhos, sua fama vem de sempre conquistar seus objetivos, mas raramente de forma convencional e ao gosto de seus clientes. Embora sua aparência já seja marcante ele ainda carrega uma espada mágica, a espada de fogo, dizem por aí que Maxpower não é apenas um caçador de recompensas, mas um ladino do mais alto calibre.
Com sua fama a correr pelas ruas de Armindra o rei Thorp III não demorou em contatá-lo.
Thorp III – Nossa! Deves causar arrepios em seus adversários com essa aparência.
Steve Maxpower – Geralmente em reis desinformados.
Thorp III o olha irritado desejando naquele momento ordenar sua prisão.
Thorp III – Ha! Sua fama procede, vejo que não tens medo de morrer.
Steve Maxpower – E por que teria? Fui chamado a vir aqui.
Thorp III – Deveras...
Steve Maxpower começa a ficar impaciente com a conversa e pensa em abandonar o recinto dando as costas para o rei, mas antes olha a sua volta e percebe que seria arriscado com tantos guardas a acompanhar a conversa, o rei havia reforçado sua proteção somente para esse encontro.
Thorp III – Tenho um serviço pra você! Estou chamando aqui os melhores aventureiros que existem e seu nome foi citado em uma das reuniões.
Steve Maxpower – Diga majestade! Eu tenho mais o que fazer.
Thorp III olha desconfiado das intenções de Maxpower, mas prossegue.
Thorp III – Quero que parta em uma viagem por todo o continente em busca do lendário pergaminho de Briese.
Steve Maxpower – O que teria de tão importante em um pedaço de papel?
Thorp III – Irá descobrir quando me entregar. Não o leia!
Steve Maxpower não gostou nada do jeito do rei, mas decide dar por encerrada a conversa, o pergaminho despertou nele um grande interesse.
Steve Maxpower – Feito!
Thorp III – Então vá!
Ninguém imagina o que está se passando na cabeça de Maxpower, ele sai do castelo e vai à busca de informações. Ele pergunta em becos, tavernas, pousadas e ferreiros, mas ninguém nunca ouviu falar em tal pergaminho.
Enquanto passava em frente a uma modesta taverna ouve barulhos e gritos, até que um dragun é lançado para fora e cai a seus pés.
Draguns são como os humanos, mas sua aparência é a de um dragão, alguns menos evoluídos, porém mais fortes possuem asas, draguns são guerreiros por natureza e geralmente vivem ao norte do continente.
Dragun – Esse cara é louco!
O dragun se levanta e corre para longe. Steve entra na taverna e avista o causador de tanta balbúrdia. Surpreso ele pensa em perguntar ao taverneiro o que aquele homem tem de especial, mas antes percebe de que ele carrega um grande martelo, por isso é melhor ter cuidado.
Steve Maxpower – Psiu! Quem é aquele?
Taverneiro – O anão?
Morran – Ei! O que estão falando de mim? Você também quer ser jogado para fora?
Morran é um anão-guerreiro e como tal possui os sentidos mais apurados do que os demais, o que explica como ouviu a pergunta de Steve Maxpower. Anões são naturalmente seres difíceis de aproximar, pois estão sempre de mal humor.
Steve Maxpower – Não mesmo meu amigo, só estava me perguntando por que alguém com suas qualidades fica arrumando brigas em uma taverna?
Morran – Ha! Aquele dragun sabe de alguma coisa e não quis me dizer, por isso não me serve.
Steve Maxpower – E o que você quer saber? Talvez eu possa ajudar. A propósito, sou Steve Maxpower.
Morran – Não quero saber quem você é, e nunca poderia me ajudar com esse cabelo.
Morran e Steve Maxpower continuam a conversar por algum tempo na taverna e Steve fica sabendo que o anão também fora contratado por Thorp III para a missão, e vendo que o anão possui uma poderosa arma decide convidá-lo para partir nessa jornada juntos. Morran havia dito a Steve que aquele martelo não era um martelo comum e sim o poderoso e lendário martelo de Thor, Morram o encontrara em uma geleira próxima a Armindra e desde então teria deixado de ser apenas um anão aventureiro para ser um dos mais temidos anões. Saindo da taverna Maxpower ri e diz a Morran que nunca ouviu falar dele.
Ao caminhar em busca de informações sobre o pergaminho os aventureiros decidem que é melhor procurar também outros guerreiros contratados pelo rei e assim eliminar a concorrência ou juntar-se a eles para trazer esse pergaminho e negociar com o Thorp III e no caminho avistam um aglomerado de pessoas olhando para o teatro, o lugar geralmente atraía a atenção do público que por ali passava, muitas das vezes podiam-se ouvir os comentários dos expectadores sobre os atores em cena, mas o que chamou a atenção dos guerreiros é que o mais ouvido dessa vez era “Quem é ele?” ou “Não é do nosso castelo”. Então os dois tentaram ver o palco, mas em vão, quando então Morran com a “calma” de um anão exclamou: Morran – Saiam da frente seus humanos imprestáveis!
Logo um corredor de pessoas se abre dando acesso ao palco. Steve Maxpower olha para a criatura encurtada com certo receio nos olhos enquanto Morran coloca as mãos na cintura e afirma:
Morran – Assim está melhor.
Os dois marcham lado a lado soberanos entre o povo percebendo o medo no olhar de cada ser ali presente. Quando chegam ao pé da escadaria olham para o palco e surpreendem-se com o motivo de tanta anarquia, no centro um bobo da corte aparece equilibrando-se com apenas uma mão ao chão. Perplexos, eles se perguntam o que atraía tanta atenção do povo em um bobo da corte no exato momento que também pelo corredor de pessoas uma voz feminina responde “Ele não é o bobo da corte do rei!”. Juntos os guerreiros viram-se e Morran dá um pulo para trás quando percebeu seus olhos na mesma direção do olhar e seu rosto a um palmo do rosto de um tigre. Steve Maxpower reparou que todas as pessoas ali presentes afastaram-se um pouco abrindo ainda mais o corredor e ouviu os burburinhos que diziam “é Skalla!”