Até mais ver: O Assistente de produção recusou-se a discutir a possibilidade dele ser o personagem principal

quinta-feira, junho 26, 2008

O Assistente de produção recusou-se a discutir a possibilidade dele ser o personagem principal

Humanos são mesmo criaturas interessantes. Estava eu a pesquisar a tradução pro meu mais recente tema semanal, quando me bateu uma vontade de escrever uma resenha sobre um livro que eu já tinha lido havia um tempo. O que isso tem haver? Eu não sei, mas já que eu queria escrever algo sobre RPG no blog, esse post vai vir bem a calhar. Até porque eu queria escrever sobre ele desde que eu terminei de ler. Bom que seja...
O Inimigo do Mundo – Leonel Caldela
 
(Antes de começar, acho que seria interessante avisar que esta é uma resenha sujeita a spoilers. Sabe, do inglês to spoil = estragar, mimar. Agora que estou mais tranquilo, leia por sua conta e risco.)
 
Se eu me lembro bem, este é o seu primeiro trabalho e um sucesso de crítica e público (pra mídia especializada e pro público alvo, desconheço a opinião geral), e com vários méritos. Entre eles o de ser um romance bastante realista, o mais humano possível se você pensar em Niezstche. Uma Arton que abandona o visual anime e mangá de Holy Avenger e adota um clima de idade das trevas como o visto em... (colocar um filme bem conceituado aqui). E em se tratando de um romance sobre RPG seu maior mérito encontra-se em unir esse conceito no de fantasia medieval com elfos, anões, fadas e tudo mais.
 
Uma pequena ressalva aqui. Talvez seja só eu que tenha visto (talvez porque eu acabei utilizando um estilo anime/mangá pra visualizar a história), mas ficam registrados dois dos meus momentos favoritos do livro: Um samurai sem senso de direção e uma meio-elfa ruborizada! Clichês típicos (tropes?) em enredos de mangá.
 
Bom, agora um pouco do enredo. Resumindo o que você pode ler na contra-capa do livro, está é a história que narra a origem do maior mal de Arton, a Tormenta e como mortais e imortais tiveram participação direta e de livre e expontânea vontade nos eventos que a desencadearam. Como já mencionado antes em resenhas anteriores a está: “Uma história que você já sabe o final, mas que não é menos interessante por isso”.
 
Da parte imortal é apresentada entre os capítulos a pequena saga da enfraquecida deidade da uma vez orgulhosa raça dos Elfos, que procurou na “Tempestade” sua vingança contra o deus da morte e dos Orcs. E a devida reação dos demais membros do panteão quanto a isso. Se eu não estou errado, também é mencionado que essa tempestade é por si só, uma reflexo dos pecados dos deuses.
 
São apresentados aqui todos os vinte deuses e seus planos divinos, e a visão que cada um tem das suas crias, em detrimento dos demais seres mortais. Mais do que “deuses humanos” como costumam ser definidas as deidades de nossa mitologia tradicional, temos aqui exemplos do que seriam os conceitos humanos em sua forma mais extrema. Orgulho, perfeccionismo, loucura, fé, humanidade, entre outras. Para dizer o mínimo, impecável.

No tocante aos mortais, é aqui onde se concentra a maior parte da história. Um estrangeiro que por onde passa deixa um rastro de destruição, morte e ódio. O pouco que se sabe dele é que ele é tão forte quanto um demônio e tem um desejo constante por aprender tudo o que pode e o que não pode sobre este mundo. Sua aparência? Um gigante albino que carrega o desespero de suas vítimas no rubro dos olhos. E é claro os protagonistas da trama. O grupo de mercenários contratados para matá-lo (parece difícil de acreditar, não?).
 
Um grupo de aventureiros como qualquer outro, cujo maior mérito encontra-se na sua diversidade: humanos de várias etnias, uma meio-elfa, um minotauro e um samurai (do ponto de vista de Arton, tamurianos/orientais compõe uma raça distinta, uma vez que até sua criação é atribuída a uma divindade diferente). Também de diversas classes, guerreiros, magos, especialistas e clérigos de várias religiões, que mesmo com seus pontos de vista divergentes, trabalham muito bem em equipe.
 
Acompanhamos de perto todos os momentos de sua caçada. Os momentos bons, os maus e até mesmo os cotidianos. Suas lutas, horas de descanso, conversas, mortes. Tudo de um ponto de vista humano, como já citado anteriormente. Durante esta jornada também nos são apresentados detalhes de seu passado e também tudo o que passa pelas suas mentes enquanto fazem o seu trabalho. Até mesmo a magia que em outros cenários é algo tão fantasioso, nos é apresentada de uma maneira natural. Da forma como seria se existisse em um mundo como o nosso.
 
Mas é no maior trunfo do livro que se encontra o que eu chamaria de seu maior ponto fraco. Atesto aqui que fiquei um pouco decepcionado com o último desafio do livro. Sabe, a Tormenta sempre foi vista como algo tão vil e odioso que todos os que a conhecem sabem da sua fama de levar a loucura todos os que a ela sobrevivem. Bom, Leonel Caldela apresentou uma Arton tão realista (destaque para o tratamento dispensado a raça élfica e ao modo de vida pirata), que quando chegou a vez da tempestade rubra, não sobrou muito com o que eu pudesse ficar abismado. Fato. 
 
Um romance onde heróis são mais que heróis e vilões são mais que vilões. Destaques para Mestre Arsenal, Nicaela e Masato Kodai. O Albino também me surpreendeu bastante em seus momentos finais quando demonstrou um pouco de sua humanidade. Uma leitura muito boa, recomendada. E acho que isso era tudo o que eu tinha a dizer. Uma resenha bem atrasada, tanto que a continuação, O Crânio e o Corvo já pode ser encontrada nas grandes livrarias. Tenho que ler também. É bom ler algo diferente de mangá de vez em quando.
 
Até mais ver
mr. Poneis
 
Ps.: Que sensação boa, acho que eu devia fazer posts assim com mais frequência.

Ps2.: Post meio que de improviso. Virgulino se estiver vivo, necessito auxílio com a revisão. Grato.
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1 Verdade

Virgulino disse... [responder]

Interessante. Eu não sabia que haviam feito um romance sobre a Tormenta.

Até mais ver..
PS: Falando em fazer posts como esse com mais frequência, que tal um post sobre O Mundo de Sofia?
PPS: Apesar de ter lido com sono, gripado e com quase 39 graus de febre, só achei um vírgula que ficou faltando em algum lugar do texto, não lembro onde, mr.Poneis.