Em busca ainda pelo alquimista, Morran bate nas portas de todos para obter informação se alguém o conhece e ao bater em uma casa pouco afastada das demais, ele o encontra.
Alquimista – Coloque-o sobre a mesa, deixe-me examiná-lo.
Steve Maxpower continua desacordado enquanto o alquimista questiona Morran.
Alquimista – Por que o trouxe para mim? Sabes que não sou curandeiro.
Morran – Um gnomo na floresta de Tentro me disse para procurá-lo.
Morran ainda perde muito sangue após a mordida do lobo, ele sente suas forças esvaindo de seu corpo e pede ajuda ao alquimista. Esse por sua vez, olha a ferida de Morran, vira-se e vai até uma prateleira cheia de vidros, então esparrama o líquido na ferida e faz um curativo. Morran acaba por desmaiar de fraqueza, o alquimista volta-se para Steve Maxpower com um sinal negativo, olha para o alto e diz só haver uma forma de salvá-lo.
O alquimista trabalha arduamente na cura, enquanto Morran ainda dorme.
Enquanto isso, o rei Thorp III chama Skalla Kafka ao seu castelo e contrata a mesma para caçar quem roubara a Casa do Tesouro. Ela aceita, acreditando que nessa busca encontre seu noivo Lance, o mais provável é que seu sumiço e o roubo tenham sido causados pelo mesmo indivíduo.
Confiante em alcançar seu objetivo e acompanhada de seu tigre ela parte para sua jornada que pode durar muito tempo. No reino corre o boato que o Lobo Azul se esconde em uma cabana na floresta, alguns dizem já ter visto a tal cabana, mas ninguém se atreveu a chegar perto; e é com essas informações que Skalla decide sua primeira parada, a cabana do Lobo Azul. Ela está disposta a revelar a verdade sobre o mesmo, e se obtiver sucesso, de acordo com as conversações ouvidas em Armindra, ela encontrará também Lance ou ao menos alguma pista de seu paradeiro.
A heroína conhece bem a floresta de Tentro, por isso sabe dos perigos que pode encontrar pela frente. Caminhando já dentro de Tentro, com a mesma aparência aterrorizante, com sons assustadores, Skalla tem uma grande surpresa, os caminhos da floresta estão diferentes do que ela conhecia, o que a fez pedir para o tigre ir à frente abrindo o caminho com cuidado, ela se arma com seu chicote e prossegue. Após caminhar um bom tempo, percebendo que muitas criaturas se afastavam com medo do tigre abrindo caminho para os dois, Skalla e o tigre percebem algo diferente, param e ficam em posição de ataque a espera que a criatura apareça, e uma voz pede a eles: “Não ataque, sou do bem!”. O tigre ruge e Skalla pergunta a misteriosa voz:
Skalla – Quem é você?
A voz diz que seu nome é Clover, um arqueiro perdido na floresta há muito tempo que precisava de ajuda para sair de Tentro. Skalla pede para ele se aproximar devagar, mas antes Clover pede para Skalla não se assustar com sua aparência, o que poderia ser muito ruim para Clover.
Então o arqueiro se aproxima, Skalla tenta não demonstrar o susto; Clover é um lagarto-humano.
Skalla – Há quanto tempo está aqui?
Clover – Três semanas, eu acho. Eu vim atrás de comida para minha família, mas a floresta mudou, o caminho que eu conhecia para sair daqui não existe mais. A verdade é que toda noite eu apareço em um lugar diferente, parece que a floresta não quer me deixar sair.
Skalla – Isso é impossível! A floresta não muda do dia para a noite. Vem, eu te ajudo a sair, mas antes vou parar em um lugar, ok?
Agora, os três caminham floresta adentro. Após ouvir o que Skalla procura, Clover diz que já foi atacado por lobos na floresta, mas nunca viu um lobo que anda feito homem, ainda mais azul. A atalanta concorda que parece loucura, mas diz que é a única pista que tem até agora.
Clover é lançado para trás com um golpe surpreendendo Skalla e o tigre, é uma árvore mutante que atacou o lagarto. Skalla corre até Clover para protegê-lo enquanto o tigre encara a árvore, ela ataca com vários galhos indo a sua direção enquanto o tigre desvia, os galhos vão se prendendo ao chão e o companheiro de Skalla vai saltando a frente até chegar ao tronco da árvore, ele a ataca com várias patadas lascando por vezes a madeira, Clover ao ver o tigre em ação se levanta e também ataca o mutante com flechadas certeiras, a árvore em uma atitude desesperadora prende as patas traseiras do tigre e o lança para longe. O arqueiro continua a lançar suas flechas quando a árvore lança mais um de seus galhos em sua direção, Skalla rebate o galho com o chicote, após, ela também ataca a árvore com chicotadas, que ocasionam muitos cortes em seu tronco. A batalha continua por algum tempo, com Clover a lançar suas flechas e Skalla a defendê-los dos galhos e atacando com o chicote enquanto o tigre permanece caído. Em um momento a árvore pára de atacar e suas folhas começam a cair, “Ela está morta”, diz Clover; Skalla corre até o tigre, ele está muito ferido, pois quando lançado caíra sobre um arbusto espinhoso, a mulher-tigre fica muito preocupada até que Clover
Skalla – Como fez isso?
Clover – Eu conheço alguns truques, recuperar feridos é um deles. Como você acha que passei tanto tempo aqui?
Skalla – Obrigada.
Skalla vê em Clover um bom companheiro para a viagem, é sempre bom ter alguém com essa habilidade mediante a tantos perigos.
Os três voltam a caminhar por um tempo quando um clarão os surpreende, quando a visão volta, eles estão diante de uma enorme parede de arbustos com uma entrada a sua frente. Skalla pergunta a Clover se ele já estivera ali, Clover diz que não se lembra de ter visto algo como tal. Por algum tempo os dois discutem se devem entrar, mas não há sinal de outra passagem, então Skalla, Clover e o tigre entram, e ao fazerem isso os arbustos fecham a entrada não havendo mais escolhas, eles devem prosseguir, mas para onde? Direita ou esquerda? Skalla percebe que se tratava de um labirinto, então eles caminham.
Enquanto o sol se põe, Morran acorda na casa do alquimista, mas não encontra a ele e nem Steve Maxpower.
Morran – Dormi quase um dia inteiro! - Exclama Morran ao olhar para fora.
Ele está com sede e procura água, bebe e vai até a parte detrás da cabana.
Morran – O que está fazendo?
Morran havia visto o alquimista ateando fogo no corpo de Steve Maxpower em meio a muita palha. Enquanto o fogo consome Maxpower, Morran corre armado de seu martelo em direção do alquimista, a distância não é pequena e o fogo aumenta rapidamente. Quando enfim chega perto do suposto assassino, o anão se contém ao ver Steve Maxpower aparecer ao lado do alquimista. Desentendido, ele se aproxima dos dois e olha para a fogueira, dava para ver uma mão queimando entre a palha, realmente existia um corpo ali, e de fato era o Steve Maxpower antes visto pelo anão, sua aparência era inconfundível; mas como?
O alquimista explica que um dos objetivos da alquimia era criar a vida humana artificial, um feito que ainda não era possível, mas ele havia chegado perto. Com Steve Maxpower ele utilizou seus conhecimentos para criar um corpo idêntico ao cabeludo, um corpo sem vida, e então transferiu a alma de Maxpower para o corpo saudável por ele criado.
Steve Maxpower – Pois é, quando acordei e vi meu outro corpo quase fiquei louco. Por isso devíamos queimá-lo.
Morran diz que isso é fantástico, ele havia encontrado a vida eterna, ou seja, quando ficar velho é só criar um corpo mais jovem e transferir a alma, mas o alquimista revela a Morran que não era possível porque ele precisa de um corpo original para fazê-lo e o corpo criado teria a mesma aparência do anterior, também não consegue transmutar a alma de um corpo para outro que não a pertence por incompatibilidades não explicadas.
Os três voltam para dentro da cabana e começam a conversar sentados a uma mesa. Maxpower pergunta ao alquimista sobre as Sete Salas e o poder de Kamenthor e ele responde não saber nada sobre tal poder, mas as salas é um lugar onde ele não gostaria que os dois fossem. Já é tarde da noite e o alquimista informa-os que precisa descansar e aconselha o mesmo.
No labirinto as coisas não estão indo bem, Skalla havia marcado o lugar de onde partiram anteriormente para servir de referência e estava dando certo, eles estavam a horas caminhando e sempre voltavam à marcação, uma referência de que não andaram nada. E a caminhada prossegue. No caminho alguns esqueletos dos aventureiros que ali ficaram presos assustam-nos, e para piorar a situação já apavorante, gritos começam a ser ouvidos pelos aventureiros, eles correm em direção ao mesmo para que possam talvez ajudar e pedir ajuda, e então a fonte dos gritos é revelada, trata-se de um elfo, mas ele está muito ferido caído ao chão, Clover e Skalla correm até ele e enquanto Clover tenta curá-lo Skalla pergunta o que aconteceu a ele. O elfo diz que tinha sido atacado por uma criatura impiedosa e antes mesmo de terminar sua fala ele arregala os olhos em direção ao céu apavorado, Skalla e o tigre percebem o aproximar da criatura e ao olhar também para o alto ela o vê já muito próximo, o tempo que teve foi de apenas puxar para trás o lagarto.
A criatura cai em cima do elfo pisando-o e assim levando a morte. Era um cavaleiro com a armadura toda negra, estava armado com uma lança de duas faces, era muito grande. Clover indignado por não poder salvar o elfo atira uma flecha no cavaleiro, mas a flecha não foi eficaz batendo na armadura e caindo ao chão sem qualquer dano. O tigre então começa a lutar com a criatura atacando com patadas e desviando da lança. A batalha continua assim por algum tempo, Skalla tenta ajudar com o chicote para imobilizar por vezes as pernas ou o braço do cavaleiro. Os ataques dos heróis parecem nada fazer contra a armadura, o que não pode ser dito dos ataques do cavaleiro que por vezes, mesmo que de raspão, atingiu ferindo o tigre e também a justiceira.
Enquanto isso em Armindra nada havia mudado, as noites continuavam sombrias, os uivos e gritos também, só que agora acrescentado de outro desaparecimento. O feiticeiro do rei tornou-se a mais nova vítima das noites de Armindra. Parece que o ataque à Casa do Tesouro já era passado, a conversa em todo canto agora era que nem o rei estava protegido, já que seu feiticeiro sempre estava ao seu lado. A população estava assustada e durante os dias muitos foram embora, pelo decorrer das coisas, muitos outros irão.
Em Tentro, a batalha continua com Skalla e o tigre não muito bem, muito machucados eles resistem, até Clover estava atirando suas flechas mesmo que em vão. E, em um movimento de defesa do cavaleiro Clover percebe uma jóia reluzente em sua costa e avisa Skalla, ela recebe o aviso e diz para o tigre tentar ir para trás do guerreiro, após algumas tentativas o tigre consegue, o cavaleiro acompanha o felino e mantém-se na batalha dando as costas para Skalla que sem hesitar lança seu chicote em direção à jóia fazendo com que ela caísse ao solo partindo ao meio. O cavaleiro fica imóvel e logo sua armadura desmorona, Skalla chega mais perto e conclui que era apenas uma armadura vazia e que aquela jóia é o que dava vida a ela. Clover cura os ferimentos dos dois, mas cai sem forças, e é nessa hora que Skalla ouve de Clover que é necessária muita energia para cada cura e agora ele está fraco demais para continuar. Então, Skalla o coloca sobre o tigre podendo assim continuar.
Steve Maxpower e Morran aparecem caminhando pelas ruas do vilarejo, no calar da noite decidiram ir embora, pois o alquimista já havia oferecido o que eles precisavam, só precisavam agora partir. Foi quando a insanidade de Maxpower, até agora controlada, despertou como um vulcão, ele se dirige ao anão dizendo que precisam de ouro para a viagem.
Morran – Pra que ouro?
Steve Maxpower – Nunca se sabe, o que não podemos é estar desprevenidos se de repente precisarmos.
Morran aceita os argumentos do cabeludo mesmo não entendendo muito bem e começa a ouvir os planos de Steve. Ele quer invadir uma casa, pegar um pouco de ouro e sair sem ser notado. O plano é bom, só falta agora por em prática. Eles continuam caminhando, procurando uma boa casa, e ao passar pela oficina do ferreiro escutam marteladas em metal, Steve Maxpower tem uma idéia e bate à porta do local.
Steve Maxpower – Com licença, senhor. Nós somos soldados do rei de Armindra e estamos aqui para...
Ferreiro – Estão atrás de quem roubou a Casa do Tesouro, estou certo?
Steve Maxpower – Exatamente! Sabes de alguma coisa?
Ferreiro – O que ouço são só boatos, Lobo Azul, fada do ouro, enfim, só o que todo o povo já sabe.
Steve Maxpower – Entendo, qualquer coisa nos procure. Não está tarde para trabalhar? Onde você mora?
Ferreiro – Gosto do silêncio noturno, e eu moro bem ali, segunda casa após a forca. Ah, não sei se tem ligação, mas ouvi dizer que alguém fez uma arma de puro ouro no reino de Golich, os ferreiros de lá são os melhores, por isso não deve ter saído barato.
Morran ainda de queixo caído com o que acabara de presenciar segue Maxpower em direção contrária a casa do ferreiro. O guerreiro de fogo diz ao pequenino que vão dar a volta e ir até a casa do ferreiro que está sozinha, vão entrar e sair antes mesmo que ele perceba.
Chegando a casa Morran força a porta e a abre, os dois entram e começam a vasculhar cada canto de cada cômodo, quando por fim Morran encontra uma sacola com pedras de ouro, mas a sorte acabou aí. A mulher do ferreiro estava em casa vendo as barbaridades cometidas pelos nossos “heróis” e decide por fim nessa história, ela avança sobre o anão que a joga para o lado dizendo que não quer machucá-la, sem dar ouvidos às palavras ela progride novamente contra o ranzinza, só que agora ele aflorou seus instintos de anão e com sua sutileza desacordou a donzela sufocando-a.
Steve Maxpower – Achei que ia pedir ela em casamento.
Morran – Hrrrr!
Quando estão prestes a sair são surpreendidos pelo filho do casal que ali morara, ele presenciou tudo o que fora feito a sua mãe, armou-se com uma adaga e atravessou a frente de Maxpower.
Steve Maxpower – Ah, qual é garoto?! Essa casa era pra estar vazia!
Garoto – Mas não estava, e você vai pagar pelo que fez.
Steve Maxpower – Não estamos com tempo para brincar, sai da frente!
Steve Maxpower defere ao garoto um chute lançando-o para longe contra uma parede. Morran não concorda com a atitude de Maxpower, não é legal bater em crianças, ele corre até o garoto e faz a triste constatação, o garoto não respirava, a vida dele havia deixado aquele corpo. Maxpower não acredita no que fez, não foi sua intenção matar a criança, ele argumenta que seu chute não foi forte o suficiente para tal acontecimento. Mas o fato é que o garoto morreu, a mãe estava desacordada, eles tinham o ouro e só precisavam ir embora, dito e feito.
Skalla e o tigre estão agora diante de um longo corredor, dessa vez o único caminho a seguir, e enquanto progridem através do corredor percebem que tem alguma coisa movendo-se nas paredes à frente, eles param e observam, enquanto da parede saem esqueletos armados com espadas curtas prontos para impedirem o progresso da justiceira. A tigresa estava cansada, já era quase manhã e eles nada haviam descansados, e com fúria no olhar ela se arma com seu chicote e pergunta ao tigre se ele está pronto, após seu rugido os dois partem em direção as ossadas deferindo vários ataques, Skalla vai à frente abrindo o caminho com sua arma, o tigre corre apenas acompanhando-a já que o mesmo carrega Clover. Por sorte, apenas um ataque a cada morto-vivo era suficiente, eles vão deixando apenas ossos e poeira para trás até chegarem ao outro lado. Skalla olha para trás e respira fundo enquanto Clover se levanta das costas do tigre surpreso ao ver o que restou e dizendo que já pode caminhar sozinho.
Nossos viajantes em Tentro andam mais alguns metros pelos corredores do labirinto até serem interrompidos por um gnomo que gargalhava muito.
Gnomo – Vivos! Não acredito que estão aqui tão perto da saída e vivos!
Skalla – Quem é você? Estamos perto da saída?
Gnomo – Você não quer saber quem sou eu. E sim, vocês estão perto da saída; ela fica bem ali atrás daquele muro de arbusto.
Clover – Você vai nos deixar passar?
Gnomo – Claro que vou! É a primeira vez que vejo vida nessa parte do labirinto. Mas não cheguem perto da cabana.
Skalla – E por que não? Eu preciso ir até lá, quero meu noivo de volta.
Gnomo – Se forem lá não terão tanta sorte quanto no labirinto, dessa vez sairão sem vida! O recado está dado.
O gnomo desaparece com cara de poucos amigos.
Skalla sabe que tem grande chance de encontrar seu noivo na cabana e por isso não muda seu planejamento, então os três vão em direção ao muro que se desembaraça abrindo o caminho para a saída.
Clover quer saber o que Skalla pretende fazer agora que saíram do labirinto e ela responde que vai continuar com o plano; ele a alerta sobre o que o gnomo disse, mas ela diz que um gnomo não vai dizer a ela o que fazer.
O dia amanhece e tanto a caminhada floresta adentro quanto a jornada atrás das sete salas continua.