12/02 edit: "Quem semeia o milho, semeia a Religião. Não trabalhar é Pecado - Zarathustra"
Células cinzentas, Células Cinzentas...
Acabei de ver "Quando Nietzsche Chorou" versão filme... (nota: fazer um post só sobre isso mais tarde)
Certa vez aqui no Blog eu postei a seguinte frase: "Contra Nietzsche eu sou impotente, não há nada mais que eu possa dizer" (na pequena caixinha de mensagens que durou pouco tempo aqui, obrigado pra quem a apagou). então eis que me vi vítima de um interessante paradoxo "ler nietzsche e não ter nada a dizer com certeza é como ir a uma sorveteria com calor e com dinheiro e pedir água." ou algo desse tipo.
Não chega nem a ser contraditório, mas sim, mal-educado. (Realmente é uma péssima sensação quando você fala para ser ignorado)
De fato eu nunca li nenhuma de suas obras, o material que dispunha no momento é a visão que o renomado novelista Irwin D Yalom (D?) tem dele. Mas acho que seja suficiente pra analisar uma de suas célebres frases:
"Nós criamos Deus, e nós mesmos o matamos"
Isso se dá devido ao ajuntamento de idéias simples
Em suas várias biografias (eu só tenho aquela do final do livro do Yalom), é citado que o pai do jovem Nietzsche fora pastor e que ele passava mais tempo com uma biblia do que com outras crianças de sua idade, fazendo disto um refúgio pra não ter que passar as tardes com sua mãe irmã e as amigas destas)
idéia n° 1 "Nietzsche e Deus já foram os melhores amigos"
Depois que cresceu um pouco e provavelmente terminou de ler a Bíblia. Nietzsche passou de interlocutor para questionador. Ouvira tudo o que Deus tinha a dizer, mas queria ser ouvido também, queria discutir o interessant6e conteúdo ao qual fora apresentado. Mas eis que dai foi imediatamente apresentado a uma nova realidade: Não havia ninguém ali para ouvi-lo, não havia ninguém para ser questionado. Deus tinha desaparecido e também não havia ninguém com Nietzsche pudesse falar a respeito. (O Pai de Nietzsche já falecera nesta época, ele não cultivou amigos durante a sua infância, e as pessoas mais próximas eram sua mãe e irmã)
idéia n° 2 "Definitivamente Nietzsche não brandiu uma faca pra Deus e o matou*, Deus morreu pelo intermédio de um simples questionamento"
(* Isso é um conceito que eu tive da cena do assassinato. No livro o Nietzsche-personagem abordava isso com tanto fervor que realmente parecia um ato de barbárie. Pura e simples)
Nietzsche estava sozinho, o que Deus havia feito com ele era muito covarde, até mesmo mais cruel do que o que ele havia feito com os outros profetas listados nas suas palavras. Nietzsche estava decidido que não ia deixar isso barato. Por que todos o abandonavam? "Se era pra Deus estar morto, então que seja, eu o matei". Tão logo começou a lecionar, começou a divulgar sua idéia pra quem quisesse ouvir. Talvez não fosse desse jeito se eu tivesse mais amigos mais amigos no passado. A culpa não é só minha
idéia n°3 "Eu não matei Deus sozinho, Vocês também tiveram parte nisso. Nós o Matamos"
Nietzsche tinha se tornado (naquele momento, só pra ele) alguém que tinha superado Deus. Matou as sombras da caverna*(Mito da caverna de Platão) e tirou de lá tantos quanto podia, gente que não era suficiente pra carregá-lo nos ombros como o herói que merecia ser. NA ÉPOCA EM QUE VIVIA TAMBÉM NÃO CHEGOU A SER PERSEGUIDO PELAS SUAS IDÉIAS, O QUE NÃO FAZIA DELE UM MÁRTIR DE SUA CAUSA. Não estava satisfeito com os resultados.
Notou algo de interessante na ocasião. Deus estava morto, ele sabia. Mas parece que ninguém mais sabia disso, ou pelo menos não ligava. Ele os estava alardeando mas eles ainda viviam como se Deus ainda estivesse com eles. Mas ele não via Deus. Apenas ele estraria só?
idéia n°4 "Nietzsche estava contrafeito. Deus estava morto aos seus olhos e também aos olhos daqueles ao seu redor. Mas estava vivo de alguma forma. Será que apenas foi para outro lugar? Se o fez então ainda lhe devia uma resposta!"
Nietszche até onde se entende nunca viu Deus como alguém superior, mas sim um igual, e por si só um rival. Quando este inimigo desapareceu, só restou a vazio e o desespero. Aí Nietzsche descobre que não havia surgido um novo inimigo, porque o seu oponente não estava definitivamente morto. Isso de certa forma era algo muito feliz para ele. Agora seu adversário havia se tornado imune aos seus ataques. De certa forma atingira a imortalidade. Como faria para alcança-lo?
idéia n°5 "Imortalidade = Plantar uma árvore + Ter um Filho + Escrever um Livro. Opção 1, muito surreal. Opção 2, muito fora de mão. Opção 3, estava ai a sua resposta.
Nietzsche se encontrava em um plano onde não podia atingir Deus, isso era um confronto pra ir além dos tempos. Deus tinha alcançado sua imortalidade através de sua palavra. Então alcançarei a minha imortalidade através da minha. Nietzsche começou a escrever. A Imortalidade realmente era algo difícil de se obter. Um confronto muito demorado, consigo mesmo. Viu muitas coisas, inclusive coisas que não queria ver. Mas faria todo o possível pra vencer. Matara Deus e estava se sentindo muito culpado por isso. Ai vieram as dores de cabeça. Muitas vezes se contradisse e buscou o autoconsolo pra superar aqueles desafios. Viu que não conseguiria sozinho...
idéia n°6 "Deus tinha Jesus pra divulgar sua palavra, não só Jesus mas muitos profetas, então também terei um profeta que divulgue minha palavra." Assim surgiu Zaratustra.
♪ (som de assovio), quanta besteira junta... não eram as minhas melhores células cinzentas, mas sr. Palilo espero que ache esta resposta (pela qual tanto cansou de esperar) satisfatória. As musas acredito, não planejam me visitar tão cedo.
Até mais ver
mr.poneis
Ps.: Um bando de idéias desajustadas isso sim, o texto está postado no mais cru de sua forma, necessito de revisão. Grato.
Ps².: Nietzsche nasceu em 15 de Outubro de 1844. Diz muita coisa sobre ele, não é mesmo?