Os moradores de Golich sofrem com a escuridão e o pavor preferindo ficarem trancafiados em suas residências, poucos se habilitam a sair de suas casas mesmo no horário permitido. O toque de recolher acabou por colocar mais medo na população e por isso durante seu vigor o silêncio só é quebrado quando algum morador é encontrado perambulando nas ruas.
Por uma noite o toque de recolher parece funcionar, até que na noite seguinte enquanto olhava sua janela Morran avista dois guardas reais a patrulhar, a escuridão só era quebrada pela baixa luz dos lampiões, dava para se ouvir os passos dos defensores do reino mediante o silêncio e a afeição deles não era diferente do restante da população, era possível sentir o medo a quilômetros de distância. Foi quando Morran notou que algo chamou a atenção dos guardas que no mesmo instante empunharam suas espadas em posição de defesa. Morran acorda Steve Maxpower e o chama para olhar através da janela, mas o cabeludo apenas resmunga dizendo para Morran fazer silêncio e ir dormir, o anão volta-se para a rua e se assusta quando um espectro movendo-se rapidamente golpeia os dois guardas por diversas vezes, os movimentos são tão rápidos que não dá chances para que suas vítimas se defendam. Depois de ser atacado um dos defensores cai enquanto o outro cambaleia, o espectro cessa os ataques momentaneamente, os dois ainda estão vivos, mas agonizam esperando apenas a morte, Morran parece não entender o que os atacou e por que, até que então o espectro volta para terminar o que começou. O anão agora pode ver claramente que não se trata de um fantasma ou coisa do tipo e sim de uma pessoa, aparentemente um homem de cabelos lisos e compridos, tal ser aproxima-se lentamente do guarda que está de pé e o ataca com uma mordida no pescoço, o guarda está fraco demais para gritar e não esboça qualquer reação. Steve Maxpower, irritado, levanta e aproxima-se da janela onde Morran com o olhar fixo acompanha o massacre e sem ao menos notar o acontecido grita de lá do alto “Parem de fazer barulho, seus animais! Parecem felinos nos cio.”. O ser volta-se assustado para onde estão Morran e Steve com a boca a escorrer sangue, segura firme sua vítima e salta em direção ao castelo flutuante.
Maxpower sai de seu quarto e desce pelas escadas até a rua, Morran o segue.
Steve Maxpower – Então são essas criaturas que se escondem no castelo.
Morran – O que são?
Eles aproximam-se do guarda que sobreviveu ao ataque.
Steve Maxpower – Não sei, essas feridas parecem ter sido causadas por garras, talvez uma nova espécie.
Morran – Sabe de uma coisa? O que forem não me interessa, vamos lá e vamos matar todos!
Steve Maxpower – Espere.
Maxpower se resgata a espada de uma das vítimas e olha para o moribundo, seu olhar transmitia ódio e revolta, ele se abaixa ao lado do corpo e posiciona a espada no peito do guarda. Morran pergunta o que ele está fazendo, mas sem responder nada Maxpower crava a espada no coração, com um último suspiro o guarda fecha os olhos e vai para a outra vida.
Steve Maxpower – Agora eu posso dormir.
Quando Steve Maxpower estava novamente a caminho da entrada do hotel ele ouve uma voz vinda da escuridão dizendo “Devias estar preocupado com outras coisas ao invés de dormir”.
Steve Maxpower – Quem está aí? E como se atreve a me dizer em que pensar?
Maxpower flameja sua espada em direção às trevas e avista uma mulher, vestido longo e branco como de uma princesa, cabelos presos e uma voz macia.
Scarlet – Eu sou a princesa Scarlet e venho de um reino distante e fiquei presa quando os portões foram fechados.
Morran – E o que uma princesa faz fora de seus aposentos tão tarde?
Scarlet – Ouvi alguém gritar para que parassem de fazer barulho, então fui até a janela para ver o que estava acontecendo e avistei vocês dois.
Steve Maxpower – Então você viu o que faço com quem incomoda meu sono!
Scarlet – Para ser sincera vi compaixão em sua atitude.
Morran não entende o que Scarlet disse, Steve matara a sangue frio o guarda real. Ele olha-a condenando suas falas.
Scarlet – Este pobre homem estava a agonizar de tanta dor, sua morte seria lenta e demorada, o sofrimento era imenso. Vi você libertar a alma de alguém que deve estar agradecido.
O cabeludo com todo seu cavalheirismo ouviu atentamente as palavras da princesa e sem dizer mais nada lhe deu as costas e a deixou falando sozinha. Morran acompanhou seu parceiro.
Scarlet – Esperem! Ouvi dizer que vocês vão invadir o castelo.
Morran – Não digas besteira mulher!
Scarlet – Como irão chegar até lá? Notei que nenhum de vocês pode voar.
Steve Maxpower se volta novamente para a donzela indagando-a sobre alguma sugestão.
Scarlet – Eu sei como levá-los.
Scarlet explica como levaria os guerreiros ao castelo flutuante e que então poderia voltar para seu reino. Steve pede para que ela os encontre no ponto de encontro já marcado com os demais e enquanto o anão e o insano voltam para seus quartos a princesa se aprofunda nas sombras a caminho de seu hotel.
Finalmente Steve Maxpower poderá dormir.
Os galos cantam em Golich e acordam os moradores, os poucos que se arriscam a sair nas ruas em plena escuridão falam sobre o mesmo assunto, os barulhos da noite, o sumiço de um guarda e o corpo do outro encontrado brutalmente assassinado. Skalla, Aruk e Mel não ouviram nada por descansarem distante do local, mas souberam da notícia através de Raziel. A paladina fica chocada com tal bestialidade e não aceita o rumo que as coisas estão tomando.
Diferente de Golich, Armindra vive seus dias de paz e tranquilidade, mas o rei Thorp lll está inquieto com as notícias recém-chegadas do reino sitiado, ele teme que partindo de Golich esse castelo flutuante venha para Armindra. Então ele ordena que um grupo de soldados se prepare para defender as intenções do reino, logo serão enviados para dar suporte às defesas de Golich. Os soldados começar a treinar imediatamente, guerreiros de força duelam entre si para aumentar suas habilidades, estrategistas estudam como será o plano de ataque, até mesmo os ferreiros são convocados a criar armas novas para a classe. Enquanto treinam, o rei Thorp lll caminha entre eles durante todos os dias para assegurar que suas ordens estão sendo cumpridas.
Em meio a mais alguns assassinatos, desaparecimentos, roubos e furtos comuns e excêntricos a cidade de Golich só aguarda o apocalipse, até mesmo o rei golichiano e a família real desapareceram. O templo de orações nunca havia recebido tantos visitantes como nesses dias e Morran e Steve Maxpower aguardam Skalla, Mel e Aruk como o combinado. Percebe-se que a chuva castiga o solo dos portões para fora já que o castelo protege o reino, esta tempestade furiosa talvez fosse a melhor escolha com relação à situação que nos encontramos. Morran parece impaciente, anda de um lado para o outro resmungando, Scarlet é a próxima a chegar.
Scarlet – O que o aflige guerreiro?
Morran apenas olha para a mulher antes de continuar com o que estava fazendo.
Steve Maxpower – Ele está assim desde aquela noite.
Talvez medo, mas anões não temem batalhas. Inusitadamente aproxima-se Shin Yugoth completamente bêbado apoiando-se em seu cajado.
Shin Yugoth – Ei, meus amigos!
Maxpower sorrindo pergunta a Yugoth se ele encontrou algum artefato e o bigodudo não hesita ao responder que sim, ele apresenta um anel com uma grande pedra verde cercada por dois dragões prateados. O cabeludo o indaga sobre o que faz desse anel um artefato, mas o mochileiro de olhos puxados diz tropeçando nas palavras que só ele deve conhecer o poder do anel.
Logo se juntam a eles Mel, Skalla, Aruk e Raziel. Skalla chega dizendo que eles não podem perder tempo, enquanto Mel pergunta quem são os desconhecidos.
Morran – O bêbado é Shin Yugoth e a donzela é Scarlet.
Morran emenda as apresentações com um romântico e surpreendente “Senti sua falta”, todos fazem um silêncio pragmático ao olharem para o anão, o silêncio só é quebrado quando Steve Maxpower devolve a mesma pergunta aos recém-chegados.
Skalla – Este é Raziel, ele irá conosco.
Mel – Mas como iremos? Só Raziel sabe voar.
Scarlet havia dito que sabia como chegar ao castelo e levar os demais, então tratou de explicar o plano. Raziel mostra-se desconfiado, mas segue a princesa até a casa de Homerus, um feiticeiro que domina magia negra, chapéu, capa e botas na cor preta dão destaque aos longos cabelos brancos que combinam com alguns detalhes de prata em sua roupa, um chicote enrolado e preso ao cinto indica que ele não é um mago qualquer. Scarlet entra sem ao menos bater à porta surpreendendo Homerus.
Homerus – O que querem aqui?
Scarlet – Queremos que nos leve até o castelo flutuante, e você irá nos levar.
Homerus – Eu posso fazer isso.
Raziel pergunta para Scarlet se ela conhecia Homerus e ela sem titubear responde que não. O homem de capa pede para que todos saiam para que ele abra um portal com destino ao castelo. Ele posiciona-se com os braços abertos e os pés juntos, olha para o alto elevando suas mãos, seu olhar fica todo esbranquiçado com alguns raios a rodear seu corpo, um forte vento começa a soprar antes de Homerus voltar suas mãos à frente e começar a abrir o portal. Através do portal dava para ver a porta principal do castelo e mais nada, Homerus não demora a dar instruções aos demais.
Homerus – Vão! E acabem com quem pegou meu açúcar.
Todos começam a entrar, primeiro Raziel, após entram Skalla, Aruk, Mel, Morran e Scarlet, e antes que Steve Maxpower tivesse chance de entrar, ele observa o bobo da corte a vir correndo em sua direção, ele corre rápido e logo Steve entende o porquê, o bobo estava a ser perseguido por guardas reais que gritavam para que alguém o parasse, o cabeludo se posiciona para impedir o bobo, mas é atacado com um salto direto que os empurra para dentro do portal, logo em seguida Homerus fecha a passagem e se arma com o chicote estalando-o ao chão.
Homerus – Vocês não vão querer me enfrentar, vão?
Um dos guardas reais armado com uma lança parte para cima do mago que desvia do golpe e o ataca com um contragolpe direto no rosto lançando-o para os pés dos demais guardas. Homerus começa a atacar com seu chicote todos os que tentam o enfrentar, os guardas não são adversários para o feiticeiro e logo caem após receberem vários golpes. Ele volta a sua residência como se nada houvesse acontecido.
No alto do castelo onde todos aguardavam apenas Steve Maxpower aparecer, surpreenderam-se com a cena do bobo da corte caído sobre o corpo de Steve, ele olha profundamente os olhos do cabeludo.
Bobo da corte – Você possui lindos olhos.
Steve Maxpower – Saia de cima de mim seu anormal!
Maxpower o empurra para que então possa se levantar.
Raziel – E quem é esse agora?
Bobo da corte – Lister Storm a seu dispor.
Lister Storm reverencia a todos, mas completa sua frase provocando.
Lister Storm – Não ao seu dispor meio dragão, nem ao seu meio homem e muito menos ao homem do cajado. Pra ser sincero estou à disposição apenas desta felina.
O bobo aproxima-se de Skalla enquanto diz essas palavras, mas a Atalanta o proíbe de chegar perto, estranhamente Aruk não a defende, ele parece satisfeito com a presença do bobo da corte.
Lister Storm – Eu vim ajudar, posso ser útil.
Raziel – Útil a que? Farás seus inimigos rirem?
Lister Storm arma-se com uma corrente com uma grande lâmina em uma das extremidades e uma esfera com espinhos na outra, tudo feito de puro ouro.
Shin Yugoth – De onde surgiu esta corrente?
Skalla – Isto não importa. Se quiser ajudar pode vir, mas não vou lutar por ninguém.
Steve Maxpower – Vamos entrar logo neste castelo e acabar com isso.
Todos os guerreiros voltam-se para a entrada principal do castelo e se armam em posição de ataque, cada um com sua arma principal. Agora é entrar sem a promessa de sair.
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